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As Marias

 

Por Juliana Ribeiro

Ah! As Marias da vida sempre atarefadas, trabalham, estudam, cozinham, arrumam, mas nem damos conta, e quando passam na rua só vemos um diamante que passou horas a polir-se para enfrentar o ódio, a discriminação e o desrespeito.

Quando as Marias cruzam caminho com os Antónios é que as coisas ficam feias! É que os Antónios parecem lobos a observar um rebanho de ovelhas e saltam logo os “elogios” e os “piropos” sobre os seus corpos, a maquilhagem e a roupa. 

Se não for na rua, é em casa que as Marias ouvem estas “opiniões”: “Maria, não te vistas assim que pareces alguém que está a pedir!”, “Ó Maria, pareces um palhaço com isso na cara. Tira já isso!” 

Já não chegava o físico para as Marias se preocuparem, agora as suas ações e o seu carácter também são um problema, pois, aparentemente, existem profissões e comportamentos adequados às Marias. Uma Maria deve: ficar em casa a cuidar dos filhos e do marido, aspirar, limpar, arrumar, cozinhar, criar e amar, deve ser simpática mas não falar demais, preocupar-se mas não ser intrometida, ouvir e respeitar a opinião e as regras do marido (o único ser com quem pode ir viver, já que viver sozinha não é opção para as Marias).

As Marias são discriminadas, mas, felizmente, começam a fazer-se ouvir. Já não existe profissão de Maria, há profissão de Pessoas, não há comportamentos de Maria, há sentimentos e emoções que se exprimem. 

As Marias lutam numa guerra invisível que só elas e as pessoas esclarecidas veem. Já ganharam muitas batalhas, mas a guerra…essa, continua!


Ilustração: Human vector created by freepik - publicado em Freepik