Por Marina Rosa
Imagina que um E.T. visitava a nossa Terra e que enviava um e-mail para o seu planeta a relatar o que aqui tinha encontrado...
para Comité Forças de Paz Inter-galáticas
Relatório T5KUYTH-JI
A vida na Terra é bastante diferente da vida em Syrius. Os terráqueos não desenvolveram ainda a telepatia nem a consciência coletiva inter-galática.
Têm hábitos estranhos impostos pelo jugo social a que se submetem mas são inconformistas, ao contrário de nós. Adoram a natureza mas estão constantemente a destruí-la. Têm pensamentos altamente criativos mas fazem a sua vida de forma repetitiva e monótona. Pensam o bem mas fazem muitas vezes o mal. Ainda não consegui descodificar muito bem o que são sentimentos. Eles riem e choram, alegram-se e entristecem-se facilmente. São seres muito complexos e difíceis de analisar e de telepatisar. A vida na Terra está a tornar-se caótica. Os terráqueos andam de máscara, são obrigados a manter distanciamento social e a higienizar as mãos constantemente devido ao vírus Covid-19 que dizimou as urbes de Arêndrona. Estão a trabalhar até ao limite da exaustão e a iniciar-se em ferramentas rudimentares como o teletrabalho.
Há paisagens na Terra impossíveis de descrever. Começo, eu próprio, a ter sensações, o que é estranho para mim.
Há muito para fazer por estas urbes. Muitos Terráqueos já despertaram para a importância de uma consciência coletiva para salvar o planeta, mas são ainda muito poucos. Estou a fazer amigos entre eles. A amizade é uma energia com um magnetismo interessante. Sinto o que eles sentem. Se eles estão bem, também me sinto bem. Se eles estão mal, sinto-me mal e com vontade de os ajudar.
Sou necessário entre os Terráqueos. É impossível voltar a Syrius conforme estabelecido. Ficarei na Terra durante este milénio – trinta dias luz em Syrius.
ABORTAR MISSÃO.
Membro das Forças de Paz Inter-galáticas