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Sogranora - Entrevista


Por Mariana Gonçalves e Ana Caliço


Entre os muitos projetos musicais e novas e boas vozes que têm surgido no panorama da música nacional, quisemo-nos encontrar com os Sogranora, uma banda de gente jovem, aqui mesmo do Seixal.

A banda foi formada em 2017 pelo Tomás Andrade (guitarra e coros), o Ricardo Sebastião (guitarra, teclados e voz), Vasco Gomes (bateria e coros) e o Gonçalo Garcia (baixo e coros), que entretanto acabaria por abandonar o projeto.

Estivemos à conversa, por vídeo conferência, com o Ricardo Sebastião.


CP: Como se conheceram os elementos dos Sogranora?

R: Nós conhecemo-nos no basket. Portanto, eu, o Tomás e o Vasco jogámos basket no Seixal e foi aí que nos conhecemos. Um dia, perguntei a um deles se não era fã do John Mayer, que é um artista de quem nós gostamos bastante. E ele disse: “ah! ya sou” e não sei quê... e falámos um bocado. Este era o guitarrista que conhecia o baterista. Eu também o conhecia mas não sabia que ele tocava bateria.

Juntámo-nos a primeira vez só para tocar uns covers na brincadeira. Na altura nem éramos muito amigos!



CP: Foi muito difícil criar a banda?

R: Nem por isso, quer dizer, nós começamos na brincadeira, tal como vos disse. "Vamo-nos juntar, tocar umas músicas e ver como é que corre". Foi fácil...

Foi só juntarmo-nos e tocar aquilo que sabíamos. Não havia problema, não havia compromisso nenhum. Depois a coisa começou a ficar um bocado mais a sério e começamos a pensar que poderíamos levar isto para a frente e não ser só uma brincadeira.

Por isso foi natural, não houve complicações nenhumas, acho eu.


“Sabem que se nós um dia quisermos ser alguém
ou alguma coisa a sério não vamos lá com covers.
Temos que tocar as nossas músicas.
Porque as bandas de covers normalmente não vivem disso”


CP: Qual o momento em que descobriram que queriam começar a compor música?

R: Por acaso não sei. Não me lembro. Nós tocávamos os covers e já gostávamos tanto, já dávamos uns quantos concertos...

Por acaso, agora lembrei-me. A certa altura disse: “Sabem que se nós um dia quisermos ser alguém ou alguma coisa a sério não vamos lá com covers. Temos que tocar as nossas músicas. Porque as bandas de covers normalmente não vivem disso”. E pronto, comecei a brincar com uns acordes na guitarra, a ver o que saía e apercebi-me de que não é nenhum bicho de sete cabeças e que é só compor e treinar mais até sair alguma coisa de jeito. A partir daí, vimos que era possível.


O Vasco estuda bateria já desde pequeno.
Ele é um grande baterista mesmo [...]
O Tomás é um geniozinho da guitarra [...]


CP: Têm alguma formação na área da música?

R: Eu não tenho muita. Comecei só a tocar guitarra mais por brincadeira. Aprendi sozinho, com alguma ajuda do meu pai, do meu irmão e da internet. Quem toca guitarra facilmente consegue dar uns toques no baixo, por isso agora já toco um bocadinho de baixo. Também aprendi a tocar um bocadinho de piano. 

Agora vou tendo ajuda deles os dois porque eles têm formação.

O Vasco estuda bateria já desde pequeno. Ele é um grande baterista mesmo, não digo isto só por ser da minha banda,  é um dos melhores baterista que eu conheço. O Tomás é um geniozinho da guitarra e agora, estão os dois a estudar no Hot Club que é uma escola de jazz muito conhecida, a mais conhecida de Portugal, provavelmente. Eles já tinham formação inicial e agora estão-se a formar na área do jazz. Por isso eles têm bastante conhecimento em teoria musical e acabam também por me ensinar, aos poucos, algumas coisas. Mas eu vou mais por "ouvido".


Influências em termos de género, acho que é isso:

rock progressivo, rock alternativo, rock psicadélico,

Tame Impala. Bandas mais alternativas.

É por aí... 


CP: Quais as vossas principais influências, musicais e não musicais?

R: Então, como já tinha dito, nós juntámo-nos por causa da nossa admiração pelo John Mayer que é um artista de pop-rock-blues e, por isso, começámos por tocar músicas dele. Essa foi assim a primeira influência, e a partir daí começámos a crescer mais musicalmente. A ouvir mais coisas. Eles, naturalmente, agora têm muita influência do jazz, eu acabo por ir um bocadinho atrás e depois é muito música alternativa, rock alternativo, também música portuguesa, música portuguesa mais indie. Influências em termos de género, acho que é isso: rock progressivo, rock alternativo, rock psicadélico, Tame Impala. Bandas mais alternativas. É por aí... 


CP: Como a vossa família reagiu ao saber que escolheram estar no mundo da música?

R: Por acaso bem. Para o Tomás e para o Vasco foi mais fácil porque já desde muito novos que demonstraram interesse pela música. Para mim, também foi sempre muito na boa, porque eu sempre estive na área das artes. No secundário, "tirei" artes e depois estive um ano a estudar Design e percebi que não era propriamente a área que queria. O que eu queria mesmo era seguir música.


CP: Como funciona o vosso processo de composição?

R: Às vezes eu componho uma música sozinho, em termos de guitarra, voz e letra. Depois apresento essa música à banda e eles fazem a parte deles, lindamente. Conseguem fazer os arranjos musicais num instante e fazê-los super bem.

Outras vezes, a música nasce em estúdio a partir de uma jam que estamos a fazer ou alguém chega com uma ideia no seu instrumento e nós construímos à volta disso. Geralmente essas até são as mais interessantes porque aí somos obrigados a comunicar uns com o outros e a construir uma cena todos juntos. Isso sente-se, percebe-se que é uma música que foi construída pela banda.


“Ficar sem chão”.

É assim uma música mais comprida,

mais progressiva e tem muito instrumental.

É a que nós sentimos mais quando tocamos ao vivo.


CP: Qual a importância das letras das músicas para vocês?

R: A letra vem sempre um bocadinho por arrasto. Nós construímos sempre primeiro a música e depois a letra fica quase como um fardo. Não é propriamente um fardo, mas aquilo que nós gostamos mesmo de fazer é a parte instrumental. Não estou a dizer que é uma coisa que não goste de fazer, eu gosto muito. Geralmente quando estou a fazer, gosto. Mas começar é muito difícil.

Portanto, para nós, a importância da letra não é assim tanta, mas temos bastante noção que para o público é muito importante a letra, e faz todo o sentido: tem que haver letra, para as pessoas poderem gostar, poderem cantar e por isso preocupamo-nos com isso e tentamos passar alguma mensagens que achamos pertinentes.


CP: Qual foi a música que mais gostaram de criar?

R:  Não sei, por acaso. Nós também ainda só lançámos cinco músicas. Dessas cinco, sendo que três delas estão dentro de um EP, ou seja, de um projeto, se calhar foi a primeira. Chama-se “Ficar sem chão”. É assim uma música mais comprida, mais progressiva e tem muito instrumental. É a que nós sentimos mais quando tocamos ao vivo. Por essa razão, acho que podemos dizer que é essa!



CP: O que esperam para a banda nos próximos anos?

R: Nós esperamos sempre o melhor. Tentamos continuar sempre a crescer. Ainda não temos assim um público muito grande. Ainda estamos bastante no início, mas planeamos continuar a lançar músicas. Já temos muitas músicas compostas que ainda estão em desenvolvimento e que planeamos lançar nos próximos anos. No fundo é continuar a trabalhar e ganhar a nossa fanbase (grupo de fãs). Dar muitos concertos e continuar a crescer na perspetiva de, nos próximos anos, poder viver disto.


CP: Querem deixar uma mensagem para as pessoas que acompanham o vosso trabalho?

R: Sim! Nós tentamos dar o nosso melhor e esperamos que vocês gostem daquilo que nós fazemos. Oiçam muita música que é importante, faz bem e é bom. Oiçam muita música portuguesa, apoiem a música portuguesa e sejam felizes!

CP: Obrigado Ricardo e sucesso para os Sogranora.


Podes encontrar os Sogranora no YouTube ou no Facebook

No passado dia 5 de dezembro estiveram no Espaço 58, espetáculo que podes ver aqui.