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Até sempre, Doutor Carlos Ribeiro!

Por Luísa Mateus (professora)

No dia 20 de novembro 2021 lamentámos o falecimento do nosso patrono, o Professor Doutor Carlos Ribeiro. Esta foi a notícia difundida em vários jornais e televisões nacionais. Mas, quem foi mesmo o Doutor Carlos Ribeiro? Porque é o patrono da nossa escola?

O Professor Doutor Carlos Ribeiro nasceu em 1926, no Seixal, e desenvolveu, ao longo da sua vida, notável trabalho na área da medicina do coração. Foi uma pessoa brilhante ao longo de toda a sua carreira profissional.

Podíamos aqui limitar-nos a fazer uma lista dos muitos cargos nacionais e internacionais que desempenhou como especialista em Cardiologia. Por exemplo, referir que foi professor jubilado na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, ou Diretor do Serviço da Unidade de Tratamento Intensivo para Doentes Coronários (UTIC) do Hospital de Santa Maria; ou ainda Bastonário da Ordem dos Médicos (1996-99) e que publicou mais de 300 artigos científicos em publicações médicas nacionais e internacionais. Podíamos ainda dizer que recebeu diversas medalhas pelo valoroso trabalho que incansavelmente desenvolveu ao longo da sua longa carreira, nomeadamente a condecoração do grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Mas queremos, sobretudo, salientar aqui o humanista, o contributo inestimável que deu na defesa de uma medicina centrada na pessoa, no diálogo com o doente, no ouvir e compreender o outro lado, não apenas centrado no diagnóstico promovido pelos meios tecnológicos. Num tempo de pandemia em que vivemos, em que frequentemente os doentes são tratados como números, como mera estatística, deveremos recuperar os ensinamentos do doutor Carlos Ribeiro.

Na sua obra “Ser Médico”, em que se dirige aos jovens médicos na forma de 36 cartas, apela precisamente a que “[…] os jovens clínicos coloquem os doentes no centro das suas preocupações.” Defende que os meios auxiliares ou complementares de diagnóstico “[…] em nenhum caso podem ser eleitos como o primum mobile do ato médico.” e a medicina deverá ser “[…] baseada na comunicação, a caminho de uma relação científica humanizada e personalizada.”

Quem teve a sorte de o conhecer pessoalmente sabe que era uma pessoa muito afável, gostando de conversar e de ouvir. “Quem um dia se fez médico jamais deixará de o ser.” E assim foi, até ao último dia de vida.

Queremos que o nome da nossa escola e das gerações de jovens estudantes que por ela passam perpetuem a memória do homem, do professor, do doutor e, acima de tudo, do Humanista.

Até sempre, Professor Doutor Carlos Ribeiro!