Avançar para o conteúdo principal

Patinagem artística em Portugal



Por Maria Inês Almeida

A patinagem artística é um desporto que combina perfeitamente técnica, arte e disciplina, exigindo dos atletas não apenas grande preparação física, mas também expressividade e criatividade.

A patinagem chegou a Portugal entre os anos 1950-60, principalmente em Lisboa e no Porto, em clubes onde se praticava hóquei em patins. Só entre os anos 70 e 80 é que ganhou maior visibilidade, reunindo cada vez mais clubes e atletas desta modalidade. A partir dos anos 90, o nosso país começou a deixar a sua marca em campeonatos internacionais, onde obtivemos medalhas nas diversas modalidades relacionadas com a patinagem artística.

Atualmente é o terceiro país com melhores resultados a nível internacional, ficando atrás de Espanha e da Itália. A federação de patinagem portuguesa (FPP) tem investido mais neste desporto para obter cada vez melhores resultados.

Em 2024, os atletas portugueses marcaram a sua presença no Campeonato de Europa conquistando 16 medalhas, das quais 5 foram de ouro. No Campeonato do Mundo não foi diferente, conquistando 8 medalhas, sendo 2 de primeiro lugar. Mesmo tendo estes resultados, a patinagem ainda é um desporto que não tem muito reconhecimento, comparado a outros desportos onde também são conquistadas medalhas.

No nosso distrito existe a APS (Associação de Patinagem de Setúbal), responsável por todos os clubes desta região. A associação organiza todas as provas, torneios e eventos a nível distrital. Há mais de 800 atletas filiados à APS, sendo uma das maiores associações do nosso país. Atletas como a Cíntia Neves (vice-campeã europeia em 2024), a Beatriz Jacinto (campeã europeia de solo dance em 24) e o João Cruz (terceiro lugar na taça do mundo em 2023) trazem um enorme prestígio ao nosso distrito.A patinagem tem um elevado custo financeiro, tanto ao nível de equipamento, como também de infraestruturas. No caso dos atletas que competem internacionalmente, é-lhes acrescido o custo das deslocações para outros países. Existe muita falta de apoios financeiros e de patrocinadores, tornando ainda mais difícil o desenvolvimento deste desporto em Portugal.

A patinagem ensina-nos coisas muito além de saltos. Ensina-nos a viver:

Ensina-nos a ter persistência. Vamos errar e cair muitas vezes, mas errar ajuda-nos a fazer melhor da próxima vez. Acontece o mesmo na nossa vida. Vamos cometer erros, e temos apenas de continuar, porque esses erros tornam-nos pessoas melhores. Ao patinar superamo-nos constantemente, adquirindo novas habilidades e aprendendo novos exercícios. No nosso dia-a-dia passamos pelo mesmo, superamo-nos e crescemos todos os dias.

Ensina-nos a superar obstáculos inesperados. Às vezes, o campo pode ser irregular ou pode haver algum problema técnico com o som e nós temos de seguir em frente. Quando nos surgem problemas inesperados, ou alguma coisa não acontece como planeado, temos de levantar a cabeça e nunca desistir.

Ensina-nos a encontrar um equilíbrio. Manter uma postura reta e ao mesmo tempo ter os movimentos leves não é fácil, é preciso encontrar um equilíbrio. Na vida temos de encontrar equilíbrio entre o lazer e o nosso trabalho, por exemplo. É muito importante para a nossa saúde mental.

Ensina-nos que não conquistamos nada sem disciplina e trabalho árduo. Para executar qualquer exercício na patinagem é preciso treinar arduamente. Isso aplica-se a qualquer coisa que façamos. Não conquistamos nada sem trabalhar empenhadamente.

Ensina-nos a ter paciência. Aprender a patinar é um processo gradual que demora. Temos de ser pacientes. Não vamos conseguir conquistar os nossos objetos de imediato. Pode demorar.

Ensina-nos a ter confiança. Ao experimentarmos algum exercício novo, é normal ter medo, mas temos de acreditar nas nossas habilidades e superar o medo, pois ele é o nosso maior inimigo. Dentro e fora do campo.

Com isto, a patinagem é uma “escola de vida”. Ensina-nos a ter confiança e paciência, a ser persistentes e encontrar o nosso equilíbrio e muito mais… A patinagem é uma forma de expressar a nossa liberdade e mostrar que não existem barreiras.